segunda-feira, 21 de abril de 2008

Os outros caminhos do Comunique-se

A página do portal Comunique-se (www.comunique-se.com.br) tem excesso de informações ou excesso de acessos às mesmas informações? Acredito que seja uma falta de hierarquia. Quando podemos concluir que há informações demais? Esse deve ser um critério de cada um. O internauta deve entender também que nunca será capaz de absorver todas as informações disponiblizadas pela internet , às vezes, até mesmo em um site que tem um público bem segmentado, como o Comunique-se. De qualquer forma, essa falta de organização pode deixar angústia em quem navega pelo site, o que não é desejável.

Esta é uma análise mais fácil, mas que não pode encobrir o mérito do portal. Ele é muito mais do que parecia ser antes da palestra, e acho que essa impressão não foi causada apenas em mim, e nem apenas por causa da sua capacidade de gerar renda (não vou entrar nesta questão, apesar de ser um assunto recorrente e de interesse de muitas pessoas). O Comunique-se é inteligente e original (sem comentar os produtos específicos, oferecidos pela empresa, que por si sós mereciam observações -são todos inovadores e muito criativos). Seu criador possui uma admirável perspicácia. E o resultado é um portal funcional.

Em primeiro lugar, pelo foco em um público específico que não tinha um veículo de comunicação voltado exclusivamente para ele, pelo menos não na internet e nesse formato. O curioso: esse público é justamente o responsável pela produção dos conteúdos dos veículos de comunicação.Os detalhes fazem muita diferença. Nesta caso, o criador do site e atual presidente do Comunique-se, Rodrigo Azevedo, elaborou a idéia a partir de suas experiências profissionais na área de jornalismo. Talvez algum comunicador tivesse percebido os mesmos problemas que ele, mas não tivesse o conhecimento necessário para resolver as questões. Rodrigo Azevedo tinha. Levou a diante, e com sucesso.

Apenas o resumo do caso levanta muitas questões para pensarmos o jornalismo no mundo da tecnologia. E deixa um exemplo para profissionais e estudantes. É necessário observação e vontade de empreender. Sinto que este último fator é muito fraco no meio, a começar pelo ambiente universitário. A internet, por exemplo, que tem muitas ferramentas acessíveis aos alunos, é muito pouco explorada. Não sei se faltam idéias ou iniciativas, ou, se é a necessidade cada vez maior de entrar no mercado de trabalho cedo. E os alunos procuram se enquadrar neste mercado. Um caminho cômodo e nem tão óbvio no atual contexto do mundo jornalístico. E o Comunique-se é apenas um exemplo alternativo e bem sucedido. Afinal, não se sabe para onde caminha o jornalismo impresso e não se sabe para onde caminha a internet.

O Comunique-se revela o quanto a comunicação entre esses profissionais é precária. O portal é um ponto de encontro de um público carente de si e de espaço. Seu sucesso revela, sobretudo, a necessidade de repensar o profissional de comunicação, que não está acompanhando a velocidade destas mudanças de uma forma produtiva. Quem já está no mercado deve ter cuidado com o ritmo ditado pelo imediatismo da busca incessante pelo furo, para não deixar passar as oportunidades que surgem com as novas possíveis interfaces do jornalismo. E os alunos, quanto antes, devem explorar. Quem escolhe Comunicação Social não quer ver nunca mais disciplinas da área de exatas, mas uma verdade desagradável é que já está na hora das universidades oferecerem a esses alunos mais disciplinas da área tecnológica afim de formar profissionais mais independentes e com real capacidade de criação nos mundos virtuais.

O portal tem muitos atalhos e pode confundir sim. Ainda assim, muitos profissionais bem sucedidos e experientes navegam diariamente por lá, atrás de outros caminhos que o Comunique-se, assim como outras iniciativas, revela, mas não mostra por inteiro, nós temos que descobir.

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